quinta-feira, 6 de novembro de 2014

LANÇAMENTO DA EDITORA GAIVOTA: "DUAS VEZES NA FLORESTA ESCURA" DE CAIO RITER

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INDICAÇÃO:  a partir de 12 anos  (leitor crítico)

164 PÁGINAS


A editora Gaivota acaba de lançar  uma novela policial juvenil. Tudo acontece 
numa cidade do interior do estado do Rio  Grande  do  Sul.

Acompanhe um trecho do   prólogo do livro: "DUAS  VEZES  NA   FLORESTA
ESCURA"  de CAIO RITER.

                 SEMPRE HÁ UM NÃO. E UM TEMPO CERTO PARA DIZÊ-LO.

             Se Susana soubesse disso, talvez tivesse sido uma filha revoltada;
             talvez tivesse gritado, brigado, chorado;  talvez tivesse batido o pé 
             e dito que não  sairia  de  sua cidade, de  sua  casa, de  sua  escola.
             Diria que não conseguiria viver sem suas coisas, sem seus amigos,
             sem as noites na casa da Clara.
             Sem a Clara.
             Talvez  o pai  não  a  entendesse, talvez  o  pai  brigasse ou, o mais
             provável,  deitasse  a  cabeça  em  seu  colo de filha e, naquela voz 
             baixa, mas firme, quase virado em choro, dissesse que ele também
             desgostava de sair da cidade, de deixar a mãe dele sozinha, sem o
             filho  por perto  para  atender  suas vontades de  idosa, de deixar a
             casa,  de  deixar para trás  os  colegas  de  trabalho, os  amigos do
             churrasco de final de semana e de torcida do Grêmio.
             Eram  apenas os dois  no  apartamento grande já há um ano. A mãe
             não recusara a possibilidade de concluir seu doutorado no exterior.
             E  eu  posso?  ficou  ela perguntando  para  o marido e para  a filha, 
             como  se  esperasse  deles  uma  palavra  que  ela não  conseguiria 
             pronunciar. Jamais.
             Eles a  abraçaram,  queriam  sentir-se felizes com a felicidade dela,
             mas a dor da  separação que se  anunciava era faca  entrando bem
             devagarzinho no dentro dos três.
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             Porém, se sempre há um não e um tempo de dizê-lo, ambos sabiam
             que  também  há  um  momento  em  que  pronunciar  negativa ou é
             empecilho, ou  é  burrice,  perda  de  tempo.  Assim, nenhum  deles
             negou-se, aceitaram a transferência do pai de agência bancária - do
             mesmo modo que haviam aceitado a viagem de Heloísa - sem nada
             falar, como  se  fosse  algo  contra  o  qual não valesse a pena lutar, 
             tentativa vã, gesto camicase.
             Por  isso,  quando  Tobias chegou  em  casa e deu  a  notícia  à filha,
             Susana apenas o abraçou  bem  apertado, bem  apertado  mesmo. A
             sensação  que  tinha  era  de  que, a  partir  do  momento  em que  se
             instalassem naquela cidadezinha do interior, quase na fronteira com
             outro país, não teriam mais ninguém com quem contar, a não ser um
             com o outro.
             Todavia não foi bem assim.
             
Susana é uma adolescente cheia de dúvidas sobre o futuro. Sua  mãe está morando,
temporariamente, no  exterior para  terminar o curso de doutorado. O pai de  Susana
recebe uma nova proposta de emprego. Ele e Susana acabam trocando a vida numa
cidade  grande  pela vida numa  cidadezinha do  interior, onde, nada  de interessante
acontece. Será?  

Susana, num período de adaptação, começa a ver a sua vida, que parecia insuportável,
começar a mudar. Susana conhece a Bethânia, o Caetano, a Nicole. Conhece também
o César, um garoto, um tanto estranho, que adora espionar os outros. Tudo ia bem até
que uma tragédia se abate sobre aquela tão pacata cidade. O pior é que tudo acontece
bem próximo de  Susana e  de  seus  novos amigos. A  solução daquele crime bárbaro
só depende deles. E agora?

"DUAS VEZES NA FLORESTA ESCURA" de CAIO RITER apresenta uma trama cheia
de mistério, que envolve o leitor.Em boa medida, trata, também, da relação pais e filhos,
amigos e paixões.  

É interessante observar que a narrativa apresenta duas fases e também, apresenta dois
prólogos. Na primeira fase, quem narra  é Susana. Na segunda, a  partir do  prólogo II, o
suspense ganha a voz de um novo narrador. Esta  estrutura  e o projeto  gráfico do  livro
são elementos capazes de transportar o leitor para a cena do crime: uma floresta escura
e sombria. Que medo!

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