sexta-feira, 9 de março de 2018

LANÇAMENTO: CONTOS DE MOÇAMBIQUE (volume 8) - O CAÇADOR DE OSSOS de CARLOS DOS SANTOS e EMANUEL LIPANGA (EDITORA KAPULANA)

                                         SITE DA EDITORA: www.kapulana.com.br


INDICAÇÃO: a partir de 10 anos (leitor fluente)

32 PÁGINAS

            “Existe uma ideia de que a sabedoria mora no universo da escrita, e isso
              transmite um certo olhar arrogante para o universo  da oralidade, como
              se  fosse  uma  coisa menor,  olhado  com  certa  condescendência.  No
              universo da oralidade existe uma filosofia com sua própria lógica. Esse
              culto que fazemos de uma cultura livresca  pode de  fato destruir aquilo
              que é o sentido da  cultura e  do livro, que  é a descoberta da alteridade.
              O desafio é ensinar a escrita a dialogar com o mundo da oralidade.”
                                                                                                  MIA COUTO

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

A editora KAPULANA lança, neste mês de março, o volume 8, da série  CONTOS
DE  MOÇAMBIQUE,   com  o  objetivo  de  divulgar as  histórias  de  tradição  oral
moçambicanas em narrativas que desenvolvemos múltiplos universos e memórias
da  cultura  africana. Trata-se  do  livro  “O CAÇADOR DE  OSSOS”  de  CARLOS
DOS  SANTOS, com ilustrações de EMANUEL LIPANGA.


Assim começa a história O CAÇADOR DE OSSOS...

 "Era uma vez...
  Uma aldeia distante, entalhada na encosta verdejante duma montanha majestosa,
  no lado oposto àquele de onde o Sol nascia.

  Por causa disso, naquela aldeia amanhecia mais tarde do que na floresta pujante
  que,bem lá embaixo, no sopé da montanha, como uma capulana garrida, a cingia.
  
 Todas as manhãs,o Sol tinha que escalar o céu até alcançar o  cume da montanha
  para conseguir,  finalmente  esticar-se  todo  e  abraçá-la. Então, com  a  ajuda do
  vento, soprava a noite e com os raios, como  se fossem  pincéis, misturava  todas
  as cores que o  arco-íris lhe  emprestava  e  devolvia  às árvores  e às  casas, aos
  caminhos,  às  pessoas  e  aos  outros  animais  da aldeia  as  cores  que  a  noite
  apagara.

  E era também naquela aldeia que mais tarde anoitecia. Já a noite se aninhava no

  colo  do  vale,  ainda   na  aldeia  ecoavam  as  pegadas  esfarrapadas  do  Sol  a
  esboroar-se por detrás da montanha virtual de algodão  tingido, que  lá  ao  fundo
  do horizonte ardia.

  Labaredas de fumo sarapintado jorravam então da cratera escancarado do vulcão
  imaginário  que  se  escondia  dentro  dela, e escorriam à deriva  pelo  firmamento
  desbotado. Até  que, por fim, com  um derradeiro  sopro, o vulcão se extinguia e o
  fogo se  apagava.

  Só depois daquele prodigioso fogo de artifício sideral é que a noite se abatia sobre
  a aldeia, ao mesmo tempo que, bem lá em  cima,  uma outra floresta se acendia e,
  como um véu de diamantes, a hipnotizava e seduzia.

  Era nessa  aldeia recôndita  que  vivia o  Sinaportar, jovem  afamado  por  todas as 
  cercanias. Dele se  dizia que  era tão  bom caçador  que não havia memória de um 
  único  dia  em  que  tivesse  ido  à  caça  e  de  lá  tivesse  voltado de  mãos vazias, 
  chovesse a cântaros ou cintilasse o Sol."
    
         
O volume 8, da série CONTOS DE MOÇAMBIQUE narra a  história de Sinaportar,
reconhecido como um  grande caçador de sua aldeia. Sua  fama era de egoísta e
solitáro, pois  negava-se   a caçar  em  grupo,  sendo  acompanhado  apenas  dos
cachorros,  que  havia herdado do  pai, antigo e lendário caçador. Mas  Sinaportar 
guardava um segredo da  aldeia: ele  não era caçador e dependia  totalmente dos
cães para as presas. Certo dia, inesperadamente, os  cães  passam  a se negar a 
caçar.  Diante  disto,  Sinaportar  deverá  resolver  a  situação   antes  que   o  seu 
segredo seja revelado.


CARLOS DOS SANTOS, retrata, em  O CAÇADOR  DE OSSOS,  a  trajetória  do 
crescimento humano com temas que abrem discussões sobre  as consequências
das mentiras  e  o  individualismo. "Este  conto  talvez seja  a mais  importante de 
todas as lições: que  é  saber  aprender das  ações dos  outros do que querer ser
melhores do que eles."


ILUSTRAÇÕES:


O caçador  de ossos, pela  forma  como  se  apresenta, é  um  livro muito  original.
EMANUEL  LIPANGA,  que   assina  as  ilustrações,  utilizou  esculturas  Maconde
para  compor  a  narrativa  visual  do  livro.  A  matéria-prima  utilizada  pelo artista,
neste trabalho  é uma  madeira  extraída  de  uma  árvore  do  continente  africano,
chamada mpinga, o pau preto, também conhecido como  ébano africano ou ébano
moçambicano.Para esculpir essa madeira, LIPANGA  fez uso de serrotes, catanas,
machados e outras ferramentas menores. 

NOTA: A ESCULTURA MACONDE É UMA DAS ARTES TRADICIONAIS DO POVO
MACONDE (OU  MAKONDE), PERTENCENTE  AO  GRUPO  ÉTNICO BANTU  DA
REGIÂO DE CABO  DELGADO, NORDESTE DE  MOÇAMBIQUE, E SUDESTE  DA
TANZÂNIA, NA ÁFRICA.

A ESCULTURA  MACONDE  É  UMA DAS  ARTES  MOÇAMBICANAS  DE  MAIOR
RECONHECIMENTO NACIONAL E INTERNACIONAL POR REPRESENTAR, COM
ARTE, OS COSTUMES DE UM POVO ATRAVÉS DOS TEMPOS.


A  proposta  das ilustrações,  sustentada por  belas  esculturas,  resulta  em  cenas
muito interessantes, que contam visualmente a história dos caçadores de ossos de
uma maneira muito singular e revelam, a cada página virada, elementos da cultura
africana. 


OS AUTORES:

ONDE ENCONTRAR O VOLUME 8 DA SÉRIE  CONTOS DE MOÇAMBIQUE:
O CAÇADOR DE OSSOS de CARLOS DOS SANTOS e EMANUEL LIPANGA
(EDITORA KAPULANA)
http://www.kapulana.com.br/produto/o-cacador-de-ossos/