DÊ LIVROS DE PRESENTE!
INDICAÇÃO: a partir de 10 anos (leitor fluente)
64 PÁGINAS
LIVRO SELECIONADO PELO PNLD LITERÁRIO 2018.
“Nas sociedades tradicionais africanas, toda aprendizagem se dá
pela oralidade: os mais velhos são os griôs, guardiões da tradição,
os contadores de histórias que conservam e transmitem o
conhecimento aos mais novos, mantendo a memória viva.”
CLAUDIA FABIANA DE OLIVEIRA CARDOSO
(Professora de Literatura dos Ensinos Médio
e Superior / Mestra em Literaturas Africanas
de Língua Portuguesa)
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O livro HISTÓRIAS DE OUVIR DA ÁFRICA FABULOSA tem o mérito de reunir, neste
exemplar, seis contos, recolhidos da tradição oral. Situar essas histórias, que
atravessaram o tempo, em novos espaços, em novas versões de recontos, é
maravilhoso, é fascinante.
As histórias recontadas, aqui, são as seguintes:
Para abrir este livro, CARLOS ALBERTO DE CARVALHO selecionou e recontou a
história A FILHA DO SOL E DA LUA. O conto narra a história de Kia-Tumba, um
jovem bonito, que não tinha interesse por nenhuma mulher da Terra. O que ele
queria mesmo era casar com Dilla, a filha do Sol e da Lua. Mas como ir até o Céu
pedir a mão de Dilla em casamento? Kia-Tumba escreveu uma carta ao Sol e saiu
de casa a fim de procurar o melhor mensageiro para contatar o Sol. Kia-Tumba
conseguirá enviar esta e outras mensagens para o Sol? Ele terá a ajuda de alguém
para realizar seus feitos? E o sonho de casar com Dilla se tornará realidade?
"- Não me agradam essas garotas, não me caso com mulher da Terra.
Perplexo, o pai insistiu:
- Ora, com quem, então, tu pretendes, posso saber?
- Se é mesmo preciso que eu me case, então, quero a filha do Sol e
da Lua."
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Já no segundo conto do livro O GÊNIO DO RIO, o leitor vai conhecer a história de
Ghiase, que numa festa, avista, pela primeira vez, a jovem Eme, conhecida por sua
beleza. Encantado, saiu em direção da jovem. O pai da jovem quis saber o que
Ghiase queria com Eme e ele respondeu: - Quero a mão de sua filha em casamento!
Surpreendentemente, o pai concedeu a mão de sua filha ao jovem Ghiase. Para que
os jovens noivos se conhecessem melhor, o pai de Eme organizou uma comitiva
para que a noiva visitasse a casa de seu noivo Ghiase, em outra aldeia. Para mostrar
que tinha posses, comprou até uma escrava para que ela acompanhasse, Eme e
sua irmã caçula, na comitiva. No meio do caminho, Eme resolveu se refrescar nas
águas de um rio. A escrava, que olhava sempre para Eme com ódio, conhecia muito
bem o poder do gênio do rio e resolveu empurrá-la para ele. E assim, Eme foi levada
para o fundo do rio, em meio ao redemoinho das águas. A escrava, usurpadora,
tomou o lugar de Eme na comitiva. Conseguirá Eme se desvencilhar do gênio do rio
e se casar com Ghiase?
"O povo do lugar conta que nenhuma moça bonita se aproxima de um
rio quando suas águas formam um redemoinho porque um gênio pode
aprisioná-la para sempre."
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JIMA E O ANEL MÁGICO é o terceiro reconto do livro. Ele gira em torno da vida de
Jima e sua mãe. Eles viviam em uma situação de quase fome, numa pequena aldeia
africana. Um dia, Jima pediu à mãe um pouco de pó de ouro para trocar por sal na
aldeia próxima da praia. O menino pediu um assuane, trinta gramas de ouro. A mãe,
preocupada, pediu que ele não gastasse o ouro com bobagens. No caminho,
Jima viu um homem com um cachorro e resolveu comprá-lo. Passados uns dias,
Jima pediu mais um pouco de pó de ouro e saiu de casa levando dois assuanes para
adquirir umas mercadorias para comercializar. Com aquele pó de ouro, acabou
comprando um gato, que parecia sofrer no colo de seu dono. A mãe não gostou, mas
parou de reclamar do que já não tinha jeito. Passados uns quarenta dias, Jima pediu
os três últimos assuanes de pó de ouro que restavam. Jima partiu com o pó de ouro
e logo, voltou para casa, levando, agora, um pombo na mão. Os dias passavam. Os
animais comprados não traziam alegria alguma para Jima. O pombo, um dia, pousou
no ombro de Jima e pediu que o menino o levasse de volta para sua aldeia. Ele seria bem recompensado por isto. Jima recebeu um anel mágico e um saquinho com pó de
ouro. Os presentes mudaram a vida de Jima, de sua mãe e do povo daquela aldeia,
mas trouxeram, também, cobiça, inveja e ciladas.O cachorro e o gato comprados por Jima demonstraram ser fiéis e ajudaram Jima a se livrar dos inimigos.
"Assim foi feito e acontece até hoje aos gatos e cães. São companheiros
fiéis e leais do homem e, entre todos os animais, são os preferidos para
viver em seus lares."
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O reconto O GUERREIRO FORTE E TERRÍVEL traz situações que põem à prova
a força de alguns animais e a astúcia de outros. Esta quarta história do livro traz uma
narrativa vivida por animais com comportamentos humanos.
Por causa de uma chuva forte, com vento frio e seco, uma larva foi se abrigar na toca
de uma lebre, que estava ausente. Ao voltar para casa, a lebre percebeu rastros bem
na entrada de casa. - Quem está na minha toca? - gritou a lebre. A larva respondeu:
- Eu, um guerreiro forte e terrível! A lebre, com muito medo, foi procurar ajuda. Falou
com um chacal, com um leopardo, com um rinoceronte, com um elefante, mas todos
acabaram dando uma desculpa e partiram sem prestar ajuda. A lebre pensava em
desistir, quando apareceu alguém querendo ajudá-la. Será que a lebre conseguirá
expulsar o invasor ou invasora de sua casa? O desfecho surpreenderá o leitor e
deixará uma lição.
"Nem sempre o tamanho e a força são fundamentais. Inteligência e astúcia
ajudam muito mais."
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O CAÇADOR CEGO, quinto reconto do livro, traz a história de Bonga, um homem
cego, que vivia com sua irmã Tina, numa aldeia africana. Apesar da pobreza, eles
eram muito felizes. Bonga tinha fama de milagreiro e por isso, recebia muitas
visitas de pessoas que queriam receber conselhos e conhecer as previsões que
Bonga fazia. Além disso, o rapaz transmitia muita paz para os visitantes.
Meru, um caçador de uma outra aldeia, pediu Tina em casamento. Ela disse que iria
aceitar o pedido se Bonga fosse morar com eles, depois do casamento. O noivo não
gostou da condição, pois achava que Bonga seria um peso em suas vidas.
Bonga disse que queria ajudar nas despesas, pois sabia caçar. Meru duvidou e não
queria saber de Bonga por perto. Meru costumava resmungar: - Para que serve um
homem cego numa caçada?
Um dia, Meru resolveu levar Bonga em uma de suas caçadas. Algo vai acontecer que
vai mudar o coração de Meru. O que será? Meru que tinha Bonga como um peso em
sua vida, vai se tornar o maior amigo de Bonga.
"Meru tornou-se o maior amigo de Bonga e quando as pessoas lhe
perguntavam como um homem cego conseguia saber de tantas coisas,
ele respondia, prontamente:
- É porque ele enxerga com os ouvidos e ouve com o coração."
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O último reconto do livro chama-se - O MENINO DE OURO E O MENINO DE PRATA.
Ele traz a história de Niame, o mais poderoso dos feiticeiros, que vivia em um lugar
paradisíaco, bem no coração da África. Apesar de feliz, Niame sentia falta de uma
esposa, para dividir com ele os momentos de solidão. O desejo do feiticeiro acabou
se espalhando. Muitas pretendentes apareceram para um encontro. Niame consultou
os mais velhos sábios, o seu próprio oráculo, seus familiares, as suas fontes espirituais e decidiu: iria se encontrar com as moças mais belas, de tribos que não fossem distantes. Somente quatro moças lhe chamaram a atenção: Aroco, Kalula,
Kitale e Lanine. Niame escolheu a última pretendente entrevistada. Lanine disse que,
se fosse escolhida para ser esposa de Niame, daria a ele um filho todo de ouro. A
escolha de Lanine por Niame provocou inveja em Aroco, que escolhida para ser
dama de companhia de Lanine, disse: - Nada de bom desejo para aquela infeliz! Disfarçando seus sentimentos, Aroco ajudou nos preparativos do casamento. Após
alguns meses, Lanine anunciou sua gravidez. Niame foi viajar e a viagem demorou
mais que o planejado. Numa noite, Lanine deu à luz a duas crianças: uma de ouro e
a outra de prata. Aroco com muita inveja , apoderou-se das crianças.
O que irá acontecer com as crianças? E a malvada Aroco receberá algum castigo?
"O dois filhos de Niame e Lanine cresceram e se tornaram homens de bem.
feiticeiros poderosos como o pai.Toda vez que se banham no grande rio,
um bocado de seu pó de ouro e de prata chega até os mortais que, com
sorte de encontrá-lo, enriquecem."
Os recontos do livro HISTÓRIAS DE OUVIR DA ÁFRICA FABULOSA, trazidos por
CARLOS ALBERTO DE CARVALHO, juntam lembranças, sentimentos, fantasia e o
poder da imaginação para revelar a riqueza fabulosa do imaginário do povo africano.
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ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE AS ILUSTRAÇÕES DE FÁBIO MACIEL E PROJETO GRÁFICO DE VANDERLEI SADRACK:
Merece atenção as ilustrações de FABIO MACIEL. Figuras em silhuetas passeiam
pelas páginas do livro, de forma expressiva, onde percebe-se, ora a utilização
das técnicas de carimbo e estêncil e ora o jogo com as cores de fundo , com sobreposições de tintas.
Neste trabalho, nota-se o jogo de cores fortes. Em algumas páginas, como nas
folhas de guarda, há a alternância de uma página, na cor preta, com outra, com
elementos africanos, em tons terrosos e avermelhados.
O início de cada reconto é marcado por uma faixa, com elementos geométricos em vermelho, sobre fundo de página, na cor branca. O uso de letras capitulares marcam,
também, o início de cada história.
Desenhos como uma rã, um peixe, um gato, um rinoceronte, um elefante, vasos
de cerâmica, pequenas vinhetas estilizadas, marcam o fim de cada reconto.
OS AUTORES:
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