sexta-feira, 31 de maio de 2019

LANÇAMENTO: ATÉ BREVE, MAMÃE de ANCHIETA ROCHA (PÁGINAS EDITORA)


LIVROS DE PRESENTE!



INDICAÇÃO: Literatura Juvenil

142 PÁGINAS

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Poucos leitores iniciam uma leitura sem conferir a ‘orelha de livro’.  "Uma orelha
é  sempre  um texto de  admiração, não  é um espaço crítico  para  mim. Trata-se, sobretudo, de um texto que se manifesta no campo do discurso amoroso e exige
um olhar terno" explica o escritor Miguel Sanches Neto.  

O texto das orelhas  do livro  ATÉ  BREVE,  MAMÃE, assinado por  Ronald Claver,
é assim:  de saída,  seduz o  leitor  e  o convida a participar da  troca de cartas do  romance epistolar de ANCHIETA ROCHA.



Que tal se inspirar no texto de Ronald  Claver, que apresenta ao  leitor o romance 
ATÉ BREVE, MAMÃE nas orelhas do livro?  
Que tal  conhecer as  histórias  de  vida que  se  entrelaçam em  cartas que vão  
vêm? 
Que tal abrir o livro e ler a primeira carta do personagem  Augusto para sua mãe?



LEIA, AGORA, TRECHOS DA PRIMEIRA CARTA:

        Mãe,

                      A aula mal começou, a universidade  já está em greve.
       E pior,  o restaurante dos estudantes está fechado, e a comida
       na  cidade  é cara.  Eu não queria falar nisso, a senhora já tem
       muito problema. Não esquenta, eu me viro. Lembra do ebulidor
       que pôs  na mala  na  hora   em que  eu estava saindo? Está
       ajudando muito. Quando o negócio aperta, eu quento uns ovos,
       faço um macarrão e vou levando. As aulas podem não voltar
       logo, mas as pessoas da cidade ajudam a gente. Ontem mesmo
       comi na casa de uma mulher que falou que se a greve demorar
       a acabar, eles vão dar cesta básica pros alunos carentes que
       não podem ir pra casa. A viagem pra cá durou dois dias e meio. 
       Não sei quando vou ver a senhora de novo. Deixa melhorar, eu
       junto um dinheiro e vou te visitar.  E o pai deu notícia? E a
       Selminha, quando o menino vai nascer? O cara vai assumir ou
       não?  Essa minha irmã desde pequena eu achava que ia dar
       trabalho.
       
                 Estou começando a ganhar dinheiro trabalhando com
       entrega de lanche. É de moto, mas a senhora não precisa ficar
       preocupada. Aprendi a “muntar”, como dizem os mineiros. Vai
       estranhar também um universitário num emprego desses. Aqui é
       comum encontrar pessoas formadas ocupando os mais variados
       tipos de serviço que nada têm a ver com o que estudaram. Outro
       dia mesmo conheci um taxista agrônomo. Todo mundo estuda.
       As duas filhas da faxineira da minha lanchonete fazem doutorado.

       ....................................................................................................................

                         O alojamento eu não acho ruim, mas aqui em Viçosa 
       faz um frio de rachar. Em algumas manhãs quando vou pra aula e
       vejo as árvores e as montanhas, é até bonito. Parece que é noutro
       país, daqueles que aparecem nas gravuras das folhinhas, tudo
       branquinho por causa da neblina. Na universidade tem gente de
       tudo quanto é lugar.
       .....................................................................................................................

       Mas tem hora que é triste, mãe, muito triste. Dá vontade de chorar.
       Tem hora que dá medo. Medo de tudo. Às vezes acontece cada uma,
       igual semana passada que encontraram o corpo de um estudante 
       boiando na lagoa,  na frente do alojamento. Eles  falam que foi 
       suicídio. Aí a coisa aperta. No Natal foi pior. Quando chegou de noite, 
       as luzes de enfeite dos prédios tudo piscando, a gente imaginando 
       as pessoas lâ dentro conversando na maior alegria, música vindo
       de tudo quanto é canto, e eu lembrando, criança ainda, o pai vivendo
       em casa ainda, tudo bom, tudo feliz naquele tempo, da turma aqui,
       um silèncio de endoidecer no alojamento, uma chuva miúda caindo,
       e nós enchendo a cara (não precisa esquentar - foi só no Natal) 
       porque tem hora que o estômago dói, mãe, não é de fome, é de
       saudade. De saudade e de solidão também. Eu sei que não devia
       dizer essas coisas, desculpa, eu não tenho mais ninguém pra contar
       o que pega fundo. A senhora tem minha irmã aí. Mesmo desmiolada 
       serve de companhia, uma vai encostando na outra. Já escolheram 
       o nome do netinho? Ela quer menino ou menina?
                   
                           Pra terminar e não falar só de coisa ruim, tem uma menina 
        aqui, Lúcia,  eu estou a fim dela. É da Nutrição. do tipo que qualquer 
        sogra ia  gostar: meiga, simples. Mora no alojamento também. Em
        algumas noites - e as daqui são bonitas, dá pra ver o céu de um lado 
        ao outro da cidade - , a gente vai pro campus e conversa muito tempo
        sentado na grama. Outro dia, o friozinho chegando, joguei minha 
        jaqueta nas costas dela e ficamos. De repente, uma estrela arranhou o
        céu e caiu lá pros lados dos eucaliptos. Lembra, eu pequeno, a senhora
        falando que quem via estrela cadente dava verruga nos dedos.

                                                                                                      A bênção, mãe.


Augusto,  rapaz   pobre,  deixa  a cidade  mineira  de  Serra  Morena  para estudar  na Universidade Federal  de  Viçosa (MG).  Isto acontece na segunda  metade  do século
passado (1950/1999), quando a prática da troca de cartas era muito usual. 

São pelas cartas do universitário Augusto, que os leitores, do romance epistolar ATÉ BREVE MAMÃE, de  ANCHIETA ROCHA, são apresentados a cada personagem desta  envolvente narrativa.
  
Ao acompanhar a trajetória de Augusto, através da troca de cartas, os leitores, pouco
a   pouco,  mergulham  no  universo   do  personagem,  tornam-se  seus  cúmplices  e passam a viver  seus  segredos, medos, sonhos  e expectativas em relação ao futuro.

Cartas vão e cartas vêm. Elas fluem e trazem para  o jovem  Augusto conselhos de D.
Olga, sua mãe; as  lembranças da  irmã Selma  e  do sobrinho Felipe; o carinho da tia
Ângela  e  a admiração do  primo  Marcos. Elas, também, levam noticias de Augusto: 
de como ele vive  no  alojamento da Universidade;  de seu  patrão camarada e do seu
trabalho; de  seus amigos;  de seu  professor confidente; da  namorada  Lúcia, assim
como da saudade profunda que ele sente da família e de casa.

Às vezes, as cartas do livro funcionam como uma lente de aumento, que, quando  se
aproxima dos   personagens   retratados,  revela   dúvidas,  insegurança,  ansiedade,
divergências, opiniões e saudade... muita saudade. As cartas resgatam lembranças e
alimentam, com palavras, o contato com os familiares.



ATÉ  BREVE,  MAMÃE  de  ANCHIETA  ROCHA  é  vida que se conta.  
É um livro para o jovem leitor se inspirar e refletir, também, sobre a sua própria vida. 


O AUTOR:

2 comentários:

pausado tempo disse...

Querida Cristina, muito obrigada pela leitura e pela resenha. Um beijo em você.

CRISTINA SÁ disse...

Anchieta,
Sucesso para você, para seu livro e para a Páginas
Editora.
Cristina Sá