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INDICAÇÃO: Literatura Juvenil
142 PÁGINAS
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Poucos leitores iniciam uma leitura sem conferir a ‘orelha de livro’. "Uma orelha
é sempre um texto de admiração, não é um espaço crítico para mim. Trata-se, sobretudo, de um texto que se manifesta no campo do discurso amoroso e exige
um olhar terno" explica o escritor Miguel Sanches Neto.
O texto das orelhas do livro ATÉ BREVE, MAMÃE, assinado por Ronald Claver,
é assim: de saída, seduz o leitor e o convida a participar da troca de cartas do romance epistolar de ANCHIETA ROCHA.
Que tal se inspirar no texto de Ronald Claver, que apresenta ao leitor o romance
ATÉ BREVE, MAMÃE nas orelhas do livro?
Que tal conhecer as histórias de vida que se entrelaçam em cartas que vão e
vêm?
Que tal abrir o livro e ler a primeira carta do personagem Augusto para sua mãe?
LEIA, AGORA, TRECHOS DA PRIMEIRA CARTA:
Mãe,
A aula mal começou, a universidade já está em greve.
E pior, o restaurante dos estudantes está fechado, e a comida
na cidade é cara. Eu não queria falar nisso, a senhora já tem
muito problema. Não esquenta, eu me viro. Lembra do ebulidor
que pôs na mala na hora em que eu estava saindo? Está
ajudando muito. Quando o negócio aperta, eu quento uns ovos,
faço um macarrão e vou levando. As aulas podem não voltar
logo, mas as pessoas da cidade ajudam a gente. Ontem mesmo
comi na casa de uma mulher que falou que se a greve demorar
a acabar, eles vão dar cesta básica pros alunos carentes que
não podem ir pra casa. A viagem pra cá durou dois dias e meio.
Não sei quando vou ver a senhora de novo. Deixa melhorar, eu
junto um dinheiro e vou te visitar. E o pai deu notícia? E a
Selminha, quando o menino vai nascer? O cara vai assumir ou
não? Essa minha irmã desde pequena eu achava que ia dar
trabalho.
Estou começando a ganhar dinheiro trabalhando com
entrega de lanche. É de moto, mas a senhora não precisa ficar
preocupada. Aprendi a “muntar”, como dizem os mineiros. Vai
estranhar também um universitário num emprego desses. Aqui é
comum encontrar pessoas formadas ocupando os mais variados
tipos de serviço que nada têm a ver com o que estudaram. Outro
dia mesmo conheci um taxista agrônomo. Todo mundo estuda.
As duas filhas da faxineira da minha lanchonete fazem doutorado.
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O alojamento eu não acho ruim, mas aqui em Viçosa
faz um frio de rachar. Em algumas manhãs quando vou pra aula e
vejo as árvores e as montanhas, é até bonito. Parece que é noutro
país, daqueles que aparecem nas gravuras das folhinhas, tudo
branquinho por causa da neblina. Na universidade tem gente de
tudo quanto é lugar.
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Mas tem hora que é triste, mãe, muito triste. Dá vontade de chorar.
Tem hora que dá medo. Medo de tudo. Às vezes acontece cada uma,
igual semana passada que encontraram o corpo de um estudante
boiando na lagoa, na frente do alojamento. Eles falam que foi
suicídio. Aí a coisa aperta. No Natal foi pior. Quando chegou de noite,
as luzes de enfeite dos prédios tudo piscando, a gente imaginando
as pessoas lâ dentro conversando na maior alegria, música vindo
de tudo quanto é canto, e eu lembrando, criança ainda, o pai vivendo
em casa ainda, tudo bom, tudo feliz naquele tempo, da turma aqui,
um silèncio de endoidecer no alojamento, uma chuva miúda caindo,
e nós enchendo a cara (não precisa esquentar - foi só no Natal)
porque tem hora que o estômago dói, mãe, não é de fome, é de
saudade. De saudade e de solidão também. Eu sei que não devia
dizer essas coisas, desculpa, eu não tenho mais ninguém pra contar
o que pega fundo. A senhora tem minha irmã aí. Mesmo desmiolada
serve de companhia, uma vai encostando na outra. Já escolheram
o nome do netinho? Ela quer menino ou menina?
Pra terminar e não falar só de coisa ruim, tem uma menina
aqui, Lúcia, eu estou a fim dela. É da Nutrição. do tipo que qualquer
sogra ia gostar: meiga, simples. Mora no alojamento também. Em
algumas noites - e as daqui são bonitas, dá pra ver o céu de um lado
ao outro da cidade - , a gente vai pro campus e conversa muito tempo
sentado na grama. Outro dia, o friozinho chegando, joguei minha
jaqueta nas costas dela e ficamos. De repente, uma estrela arranhou o
céu e caiu lá pros lados dos eucaliptos. Lembra, eu pequeno, a senhora
falando que quem via estrela cadente dava verruga nos dedos.
A bênção, mãe.
Augusto, rapaz pobre, deixa a cidade mineira de Serra Morena para estudar na Universidade Federal de Viçosa (MG). Isto acontece na segunda metade do século
passado (1950/1999), quando a prática da troca de cartas era muito usual.
São pelas cartas do universitário Augusto, que os leitores, do romance epistolar ATÉ BREVE MAMÃE, de ANCHIETA ROCHA, são apresentados a cada personagem desta envolvente narrativa.
Ao acompanhar a trajetória de Augusto, através da troca de cartas, os leitores, pouco
a pouco, mergulham no universo do personagem, tornam-se seus cúmplices e passam a viver seus segredos, medos, sonhos e expectativas em relação ao futuro.
Cartas vão e cartas vêm. Elas fluem e trazem para o jovem Augusto conselhos de D.
Olga, sua mãe; as lembranças da irmã Selma e do sobrinho Felipe; o carinho da tia
Ângela e a admiração do primo Marcos. Elas, também, levam noticias de Augusto:
de como ele vive no alojamento da Universidade; de seu patrão camarada e do seu
trabalho; de seus amigos; de seu professor confidente; da namorada Lúcia, assim
como da saudade profunda que ele sente da família e de casa.
Às vezes, as cartas do livro funcionam como uma lente de aumento, que, quando se
aproxima dos personagens retratados, revela dúvidas, insegurança, ansiedade,
divergências, opiniões e saudade... muita saudade. As cartas resgatam lembranças e
alimentam, com palavras, o contato com os familiares.
ATÉ BREVE, MAMÃE de ANCHIETA ROCHA é vida que se conta.
É um livro para o jovem leitor se inspirar e refletir, também, sobre a sua própria vida.
O AUTOR:
2 comentários:
Querida Cristina, muito obrigada pela leitura e pela resenha. Um beijo em você.
Anchieta,
Sucesso para você, para seu livro e para a Páginas
Editora.
Cristina Sá
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