INDICAÇÃO: a partir de 10 anos ( leitor fluente)
32 PÁGINAS
DE CARTA EM CARTA traz uma boa história, com certeza!
Ana Maria Machado, em 1982, visitou o México e ficou fascinada com
as fileiras de escrevinhadores, que se alinhavam em volta do Zócalo, a
praça - maior da cidade, para escrever cartas. A escritora, logo, pensou:
o ofício daquelas pessoas, que se alugavam para escrever, daria uma
boa história. Imaginou um título e a história de um avô e um neto, ambos
analfabetos. Foi fazendo anotações, amadurecendo a ideia, mas acabou
desistindo dela, várias vezes, por diversos motivos. Em 2000, Ana Maria
foi a Cartagena, na Colômbia. Lá, encontrou, outra vez, os escrevinhadores,
sob as arcadas em volta da Praça Bolívar. A ideia, que fora deixada de lado,
ressurgiu com força total. Assim, em poucos dias, a ideia que acompanhou
a autora, por cerca de vinte anos, foi colocada no papel de forma definitiva.
Assim começa o livro DE CARTA EM CARTA, que, finalmente, foi escrito por
Ana Maria Machado e publicado pelo selo Salamandra, da editora Moderna.
"Era uma vez um menino pequeno que morava numa
cidade pequena. Acho até que não foi há muito tempo.
Nem muito longe daqui. E que o menino não era tão
pequeno assim. Mas ainda não sabia ler nem escrever.
Muita gente na cidadezinha não sabia, mesmo gente
muito maior e mais velha do que ele.
A cidade era antiga e ficava na beira do mar. Tinha ruas
estreitas, igrejas lindas e pracinhas. Tinha lembranças
de um tempo de muita riqueza. Tinha fortes que não
serviam para mais nada, mas antigamente tinham sido
usados para defender a cidade dos ataques de piratas.
Tinha casas coloniais de dois andares, com jardins em
pátios internos e varandinhas cheias de vasos de flores.
E em alguns lugares, essas varandas eram grandes, no
segundo andar, por cima de uns arcos que se apoiavam
nas calçadas em voltas das praças e largos.
Um desses largos se chamava "Praça dos Escrevedores".
Lá, debaixo das arcadas, ficavam as bancadas de trabalho
dos homens que se encarregavam de escrever todas as
coisas importantes que o pessoal da cidade precisava,
mas não sabia - cartas, bilhetes, documentos.
.............................................................................................................................
Esta é a história de dois fregueses dos escrevedores.
O menino Pepe e seu avô José."
Por serem igualmente teimosos, Pepe e seu avô José, um dia, se desentenderam.
O menino resolveu enviar uma carta para seu avô, para dizer tudo o que pensava.
Ele entendeu que seria melhor agir deste modo, pois se tivesse dito desaforos no
momento da briga, certamente, teria recebido um castigo.
Mas como enviar uma carta? De que forma faria isso, se não sabia usar as palavras?
Pepe era analfabeto. Como não sabia escrever, teve que pedir ajuda ao escrevedor
Miguel, lá da Praça dos Escrevedores.
O avô José recebeu a carta, mas como era analfabeto também, recorreu a Miguel,
para ele ler a carta do neto e escrever uma carta resposta.
O escrevedor, na hora de ler e redigir, mudou algumas palavras, porque ele sabia,
exatamente, o que avô e neto, precisavam ouvir. A intenção do escrevedor Miguel era
mediar aquele conflito entre Pepe e o avô José e fazer com que eles voltassem a se
entender.
As trocas de cartas continuaram. O relacionamento entre o avô e o neto foi mudando
para melhor. Pepe fez descobertas quando começou a observar e refletir sobre a
vida e as necessidades dos idosos, sobre as transformações e ciclos naturais da vida.
De carta em carta é um livro comovente - a começar pela ideia que Ana Maria Machado
teve de desenvolver uma história a partir do que viu em suas viagens - pessoas que se
alugavam para escrever. A escolha de personagens que representavam 'as duas pontas
da vida' -avô e neto- foi também muito significativa. Chamou a atenção ainda, o poder da
palavra interferindo nas relações de afeto. Esta obra reúne, ainda, muitos outros pontos
fortes e sem dúvida, todos estes elementos imprimiram à narrativa emoções, que irão ressoar mesmo depois que o leitor fechar o livro.
PRÊMIOS:
2002- Prêmio Ofélia Fontes - o melhor para criança - Fundação Nacional
do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) - Hors Concours
2003- Altamente Recomendável (FNLIJ)
ILUSTRAÇÕES:
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As ilustrações de NELSON CRUZ, para o livro DE CARTA EM CARTA, são
extremamente encantadoras. Ele usa cores em tons pastéis, jogo de luz e
sombra para retratar os ângulos das imagens, que compõem as cenas. Com
isto, os desenhos ganham outra dimensão de beleza.
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