domingo, 16 de fevereiro de 2014

LANÇAMENTO ESCRITA FINA: "TEMPO DE ALDEIA - FIOS DE MEMÓRIAS EM TERRAS INDÍGENAS" DE EDITH LACERDA

    
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INDICAÇÃO: a partir de 14 anos ( leitor crítico)

132 PÁGINAS

                   Nas histórias contadas em  TEMPO DE ALDEIA: fios de memórias em  terras
indígenas,   EDITH  LACERDA   desfia  uma   série  de  observações  a  respeito  de  um
tempo  em  que  conviveu  com  os  índios  Waimiri - Atroari,   na  Amazônia. As  histórias
atravessam um período de quase quatro  anos e reúnem afetos,  emoções, aprendizados
e  muitas  lembranças. O olhar da autora, enquanto  instrumento  de  observação, focaliza 
as  situações  vividas,  mostrando  detalhes  da  cultura  indígena  e  recortando  pedaços
importantes  do cotidiano na aldeia. 
                    Com  a  missão de  atuar  como professora para  alfabetizar os índios em seu
idioma nativo,  EDITH  LACERDA  entregou  o seu coração  de kaminhá  (não índia)  aos 
índios da  tribo Waimiri - Atroari  e  teve muito o que aprender com eles, os kinhás  (como
se autodenominavam os indígenas desta tribo). 

Leia um trecho do livro de EDITH LACERDA:
                     
           Fazia poucos meses que estava lecionando no  Xeri, porém  nunca havia
 entrado  em uma  maloca. Como  eu ainda  morava no Posto  Indígena Jundiá,
 era necessário o deslocamento diário de bicicleta ou de caminhão por alguns                quilômetros.  Ao  chegar,  meu  percurso  na  aldeia  era  atravessar  a  ponte,                  cumprimentar  os kinhá e seguir  para a escola.
             Nos intervalos das aulas, eu percorria os caminhos entre as malocas e me aproximava das  mulheres que trabalhavam à  porta de casa. Não me sentia
à vontade para entrar sem ser convidada. (....) Eu me encontrava ali pela urgente
necessidade dos  Waimiri-Atroari  de apropriação  da ferramenta  da escrita  de
sua língua  materna. Por  esta  razão, eu não  queria  me  impor  para além  dos
limites que me cabiam no espaço da escola.
            E assim o tempo transcorria.
            Um  dia, a  aldeia Xeri  recebeu uma  parenta  que  morava em  outra aldeia 
distante  e que  estava  a caminho de  Manaus para  tratamento de  saúde. (.....)
Eu  estava na  escola quando  vieram  me chamar para  ver  a visitante.  Ao  me               aproximar da casa onde estava a hóspede, entendi que este era o motivo que 
faltava  para  justificar minha entrada dentro da  maloca. Todos  me olhavam e
observavam  minha  reação.  Eles  bem   sabiam   a  curiosidade  que  existe  a
respeito de seu modo de viver.Mais uma vez, a menina dentro de mim conteve
o  fascínio   para  ceder lugar à  professora  consciente de  seu  papel naquela
comunidade.
             Procurei me aproximar da rede em que estava a índia enferma, controlando
meu olhar para que não se dispersasse para o novo diante de mim. No entanto,
meus sentidos foram arrebatados pelo cheiro de carne moqueada e de bananas
amadurecendo,  pela   pouca  luminosidade,  pelo  fogo  acesso. Os  utensílios 
pendurados,  os   beijus  no  jirau,  as redes feitas  de   fibra de  buriti  -  tudo ali
evidenciava uma cultura ainda bastante desconhecida para mim.
            Sim, havia muito que aprender.

                A convivência de EDITH LACERDA entre os índios Waimiri - Atroari criou laços
  que se desenlaçam nas páginas desse fascinante livro. Vale a pena conferir: " TEMPO
 DE  ALDEIA - fios de memórias em terras indígenas".

A AUTORA:



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