SITE DA EDITORA: www.escritafinaedicoes.com.br
BLOGS DA EDITORA: http://editoraescritafina.blogspot.com
http://escritafina-livros.blogspot.com.br
INDICAÇÃO: a partir de 14 anos ( leitor crítico)
132 PÁGINAS
Nas histórias contadas em TEMPO DE ALDEIA: fios de memórias em terras
indígenas, EDITH LACERDA desfia uma série de observações a respeito de um
tempo em que conviveu com os índios Waimiri - Atroari, na Amazônia. As histórias
atravessam um período de quase quatro anos e reúnem afetos, emoções, aprendizados
e muitas lembranças. O olhar da autora, enquanto instrumento de observação, focaliza
as situações vividas, mostrando detalhes da cultura indígena e recortando pedaços
importantes do cotidiano na aldeia.
Com a missão de atuar como professora para alfabetizar os índios em seu
idioma nativo, EDITH LACERDA entregou o seu coração de kaminhá (não índia) aos
índios da tribo Waimiri - Atroari e teve muito o que aprender com eles, os kinhás (como
se autodenominavam os indígenas desta tribo).
Leia um trecho do livro de EDITH LACERDA:
Fazia poucos meses que estava lecionando no Xeri, porém nunca havia
entrado em uma maloca. Como eu ainda morava no Posto Indígena Jundiá,
era necessário o deslocamento diário de bicicleta ou de caminhão por alguns quilômetros. Ao chegar, meu percurso na aldeia era atravessar a ponte, cumprimentar os kinhá e seguir para a escola.
Nos intervalos das aulas, eu percorria os caminhos entre as malocas e me aproximava das mulheres que trabalhavam à porta de casa. Não me sentia
à vontade para entrar sem ser convidada. (....) Eu me encontrava ali pela urgente
necessidade dos Waimiri-Atroari de apropriação da ferramenta da escrita de
sua língua materna. Por esta razão, eu não queria me impor para além dos
limites que me cabiam no espaço da escola.
E assim o tempo transcorria.
Um dia, a aldeia Xeri recebeu uma parenta que morava em outra aldeia
distante e que estava a caminho de Manaus para tratamento de saúde. (.....)
Eu estava na escola quando vieram me chamar para ver a visitante. Ao me aproximar da casa onde estava a hóspede, entendi que este era o motivo que
faltava para justificar minha entrada dentro da maloca. Todos me olhavam e
observavam minha reação. Eles bem sabiam a curiosidade que existe a
respeito de seu modo de viver.Mais uma vez, a menina dentro de mim conteve
o fascínio para ceder lugar à professora consciente de seu papel naquela
comunidade.
Procurei me aproximar da rede em que estava a índia enferma, controlando
meu olhar para que não se dispersasse para o novo diante de mim. No entanto,
meus sentidos foram arrebatados pelo cheiro de carne moqueada e de bananas
amadurecendo, pela pouca luminosidade, pelo fogo acesso. Os utensílios
pendurados, os beijus no jirau, as redes feitas de fibra de buriti - tudo ali
evidenciava uma cultura ainda bastante desconhecida para mim.
Sim, havia muito que aprender.
A convivência de EDITH LACERDA entre os índios Waimiri - Atroari criou laços
que se desenlaçam nas páginas desse fascinante livro. Vale a pena conferir: " TEMPO
DE ALDEIA - fios de memórias em terras indígenas".
A AUTORA:
Nenhum comentário:
Postar um comentário