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INDICAÇÃO: público infantojuvenil
64 PÁGINAS
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A história NAVIO NEGREIRO NO MAR DO BRANCO DO OLHO de CLOVIS LEVI
é contada em forma de texto teatral, para ser encenado em um ato.
CLOVIS LEVI, no início do livro, já surpreende de forma comovente
seus leitores, com a seguinte dedicatória:
"Para os milhões de crianças em todo o mundo onde a liberdade,
temporariamente, morreu. Por que temporariamente? Porque há,
apesar de tudo provar o contrário, a permanente esperança de
que a vida dos miseráveis e dos aprisionados (injustamente) um
dia vai mesmo melhorar."
Este texto teatral convida o leitor para uma viagem cheia de mistérios a bordo
de uma caravela fantasma. As cenas ocorrem, ora no convés, ora no porão
da embarcação. A caravela, que partiu do Tejo, em Portugal, na época dos
descobrimentos, durante séculos e séculos, navegou ao sabor dos ventos por
lugares distantes, como no Mar do Branco do Olho. Os personagens, que fazem
parte da tripulação e que vivenciam os acontecimentos ocorridos durante a
viagem, são fantasmas e crianças escravas. Entre os fantasmas, o destaque
é a personagem Arco-Íris, que disposta a ajudar as crianças escravas, enfrenta
bravamente o doutor Barão, comandante da caravela e seu agressivo capataz.
Eles, de modo cruel, fazem as crianças trabalharem até não aguentarem mais.
Por causa do trabalho exaustivo, elas não resistem e acabam morrendo de
fome e cansaço. Já os personagens que são resgatados do mar durante a viagem ajudam, também, a mudar a rotina do navio. Em meio a tantas maldades,
será possível pensar que um dia a vida daquelas crianças escravas poderá
mesmo mudar para melhor?
Mais do que uma história fantástica, NAVIO NEGREIRO NO MAR DO BRANCO DO
OLHO é uma história sobre as mazelas da alma humana.
Vale conferir, para refletir.
LEIA UM TRECHO :
Talita - (Tensa / Elétrica) Quantos são agora?
Arco-Íris - Com mais este que morreu, agora ficaram oito.
Eram dezenove crianças escravas nesta caravela.
Risadas aparecem e somem. A ópera recomeça e para.
Talita - (Faz a conta. Espanto) Já morreram onze?
As crianças são obrigadas a trabalhar doze horas por dia! Essas
crianças escravas que estão na caravela agora acabaram de chegar
da África, lá de Angola. Por isso, falam português. Nem se acostumaram
ainda à escravidão e já estão morrendo.
morrendo todas elas, todos os escravos.
Talita - (Agitada) Como é seu nome?
Arco-Íris - Arco-Íris.
Talita - Que nome engraçado!
Arco-Íris - E o seu?
Talita - Talita. (Nervosa) Quer me explicar, Arco-Íris, pelo amor de Deus,
o que acontece aqui, nesta caravela? Não estou entendendo nada. O
que fizeram com a minha cachorrinha Xinxa? Cadê ela? (Insiste) O que
acontece nesta caravela?
Arco-Íris - É simples. Está é uma caravela fantasma.
Talita - (Terror) Fantasma?!
Arco-Íris - Aquele que passou cantando é o famoso Fantasma da Ópera.
Talita - (Morre de medo) Era...era...era fantasma...?!
o que acontece aqui, nesta caravela? Não estou entendendo nada. O
que fizeram com a minha cachorrinha Xinxa? Cadê ela? (Insiste) O que
acontece nesta caravela?
Arco-Íris - É simples. Está é uma caravela fantasma.
Talita - (Terror) Fantasma?!
Arco-Íris - Aquele que passou cantando é o famoso Fantasma da Ópera.
Talita - (Morre de medo) Era...era...era fantasma...?!
Arco-Íris - A gente vai a tudo quanto é lugar. Às vezes, navegamos no
Oceano Atlântico, no Índico. Agora, estamos no Mar do Branco do Olho.
Daqui a pouco, Atlântida, ou então...
Talita - (Confusa) No Branco do olho?
Oceano Atlântico, no Índico. Agora, estamos no Mar do Branco do Olho.
Daqui a pouco, Atlântida, ou então...
Talita - (Confusa) No Branco do olho?
O livro de CLOVIS LEVI parece ter sido escrito para surpreender o leitor e, de
fato, surpreende.
As cenas de NAVIO NEGREIRO NO MAR DO BRANCO DO OLHO permitem que o
leitor reflita a respeito da desumanidade e, também, a respeito da opressão e da exploração de crianças escravas. Ao mesmo tempo, indica que o ser humano
tem o direito de realizar suas escolhas, direito à alimentação e à liberdade. Num
intenso jogo de sentimentos e emoções, a história do livro se desenvolve para
mostrar como era a luta para romper os grilhões da morte e como era sofrida a vida
da tripulação daquela caravela, que navegava na contramão da esperança.
ILUSTRAÇÕES:
As ilustrações da artista VANESSA ROSA chamam a atenção do leitor desde a
capa do livro e enriquecem visualmente o texto de CLOVIS LEVI.
Num traço que é só seu, a artista, ao fazer a caracterização dos personagens,
amplia o imaginário do leitor.
A narrativa visual, carregada de dramaticidade, ratifica o clima tenso da história.
Numa profusão de traços e linhas, num jogo de claro e escuro, as ilustrações
exploram o preto, o branco e o azul, como contraste - poucas cores e muitos
detalhes.
A 'leitura' das ilustrações deste livro leva o leitor a viajar na imaginação para
além do que é contado no texto de CLOVIS LEVI.
Ao ler NAVIO NEGREIRO NO MAR DO BRANCO DO OLHO, o leitor irá descobrir espaços livres para muitas reflexões.
OS AUTORES:
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