sexta-feira, 15 de agosto de 2014

"DE CARTA EM CARTA" DE ANA MARIA MACHADO E NELSON CRUZ

                                   SITE DA EDITORA: www.moderna.com.br

INDICAÇÃO: a partir de 10 anos ( leitor fluente)

32 PÁGINAS

DE CARTA EM CARTA traz uma boa história, com certeza!

Ana  Maria  Machado,  em  1982,  visitou  o   México e  ficou  fascinada  com
as  fileiras  de  escrevinhadores,  que  se  alinhavam  em  volta  do  Zócalo, a 
praça - maior  da  cidade,  para  escrever  cartas. A escritora,  logo,  pensou:
o  ofício  daquelas  pessoas,  que  se  alugavam   para  escrever,  daria  uma
boa  história. Imaginou  um  título e a  história  de um avô  e  um  neto, ambos
analfabetos.  Foi fazendo  anotações,  amadurecendo a  ideia, mas  acabou
desistindo dela,  várias  vezes,  por diversos  motivos. Em  2000, Ana  Maria
foi a Cartagena, na Colômbia. Lá, encontrou,  outra vez, os escrevinhadores,
sob as arcadas em volta da Praça Bolívar. A ideia, que fora deixada de lado,
ressurgiu com força total. Assim, em  poucos  dias, a ideia que acompanhou
a autora, por cerca de  vinte anos, foi  colocada no papel  de forma definitiva.

Assim começa o livro DE CARTA EM CARTA, que, finalmente, foi escrito por
Ana Maria Machado e publicado pelo selo Salamandra, da  editora Moderna.

           "Era  uma vez um menino pequeno  que   morava  numa 
             cidade pequena. Acho até que  não foi há  muito tempo.
             Nem  muito  longe  daqui. E  que  o menino  não era  tão 
             pequeno assim.  Mas ainda não sabia ler nem  escrever.

             Muita  gente  na  cidadezinha  não  sabia, mesmo gente
             muito maior e mais velha do que ele.

             A cidade era antiga e ficava na beira do mar. Tinha  ruas
             estreitas, igrejas  lindas  e pracinhas. Tinha lembranças 
             de  um  tempo de  muita  riqueza. Tinha  fortes  que  não  
             serviam  para mais nada, mas   antigamente tinham sido 
             usados para defender a cidade  dos  ataques de piratas. 
             Tinha casas coloniais  de dois andares, com  jardins em 
             pátios internos e varandinhas cheias de vasos de flores.
             E em alguns lugares, essas varandas eram grandes,  no 
             segundo andar, por cima de uns arcos que se apoiavam
             nas calçadas em voltas das praças e largos.
       
            Um desses largos se chamava "Praça dos Escrevedores".

            Lá, debaixo das arcadas, ficavam as bancadas de trabalho
            dos homens que se  encarregavam  de  escrever todas  as
            coisas   importantes  que  o  pessoal da  cidade precisava,
            mas não sabia - cartas, bilhetes, documentos.
         .............................................................................................................................
            Esta  é   a  história  de  dois  fregueses   dos   escrevedores.
            O menino Pepe e seu avô José."
         
Por serem igualmente teimosos, Pepe e seu  avô José, um dia, se  desentenderam. 
O  menino resolveu enviar  uma carta para  seu avô, para  dizer tudo o que pensava. 
Ele entendeu que seria melhor agir  deste modo, pois  se  tivesse dito desaforos no
momento da briga, certamente, teria recebido um castigo.

Mas como enviar uma carta? De  que forma faria isso, se não sabia usar as palavras?
Pepe era analfabeto. Como não sabia  escrever, teve que pedir  ajuda ao escrevedor 
Miguel, lá da Praça dos  Escrevedores. 

O avô José recebeu  a  carta, mas  como  era analfabeto também, recorreu a Miguel,
para ele ler a carta do neto e escrever uma carta resposta.

O escrevedor,  na  hora de  ler e  redigir, mudou  algumas  palavras,  porque ele  sabia, 
exatamente, o que avô e neto,  precisavam ouvir. A intenção do escrevedor Miguel era 
mediar aquele conflito entre  Pepe e o avô José e  fazer com  que eles voltassem a se 
entender.

As trocas de  cartas continuaram. O  relacionamento entre o avô e o neto  foi  mudando
para  melhor. Pepe  fez  descobertas  quando  começou  a  observar  e  refletir sobre a
vida e as necessidades dos idosos, sobre as transformações e ciclos naturais da vida.
  


De carta em carta é um livro comovente - a começar pela ideia que Ana  Maria Machado
teve de desenvolver uma história a  partir do  que viu em suas viagens - pessoas  que se
alugavam para escrever. A escolha de personagens que representavam 'as  duas pontas
da vida' -avô e neto- foi também muito significativa. Chamou a atenção ainda, o poder da
palavra  interferindo nas relações de afeto. Esta obra reúne,  ainda, muitos outros  pontos
fortes  e  sem  dúvida, todos estes  elementos imprimiram à narrativa emoções, que irão ressoar mesmo depois que o leitor fechar o livro.


PRÊMIOS:
2002- Prêmio Ofélia Fontes - o melhor para criança - Fundação Nacional
do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) - Hors Concours

2003- Altamente Recomendável (FNLIJ)



ILUSTRAÇÕES:
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As ilustrações de  NELSON CRUZ, para o livro DE CARTA EM CARTA, são
extremamente encantadoras. Ele  usa cores em  tons pastéis,  jogo  de  luz e
sombra para retratar os ângulos das imagens, que compõem as cenas. Com
isto, os desenhos ganham outra dimensão de beleza.

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